(Artigo publicado no jornal O Popular de 19/03/08.)
No início dos anos 70, um psicólogo (Philip Zimbardo) idealizou uma experiência, para a qual convidou jovens universitários “comuns”. Dividiu-os em dois grupos, uns seriam os guardas e outros os prisioneiros, mantidos em celas. E incentivou os “guardas” a terem um comportamento autoritário. O estudo deveria durar duas semanas. Teve que ser interrompido no sexto dia: os “guardas” haviam tornado-se sádicos, abusando fisicamente e psicologicamente daqueles “prisioneiros” que, alguns dias antes, eram colegas com os quais cruzavam diariamente pelo câmpus. Jovens antes pacíficos, com um pouco de liberdade e estímulo tornam-se perversos. De onde vem o Mal?
O caso, recentemente descoberto, da garota de 12 anos supostamente acorrentada e torturada pela própria mãe (pela própria mãe!) adotiva abre um leque de discussões, como a da política de adoções. Mas reflitamos sobre o Mal, independentemente da culpa ou não desta mãe acusada.
O ser humano é um bicho estranho. Inventou as roupas, o papel higiênico com cheiro de pêssego e o pudor, todas estas coisas que nos elevam sobre os animais. Mas a tortura, ah, essa também só um humano é capaz de planejar, de engrendar, de se satisfazer com ela.
Nada parece ser capaz de deter o Mal. Justiça rápida e eficaz, punições severas? Se isso bastasse, os Estados Unidos não seriam o país com mais serial killers no mundo. Religião? Os padres pedófilos, em contato diário com a palavra de Deus, não foram contidos por ela. O Mal está no meio de nós. Que atire a primeira pedra aquele que nunca teve vontade de torturar um torturador desses. Opa, não atire a pedra, ou você também será um de nós!
Sádicos (estupradores, assassinos) freqüentemente relatam que o prazer que sentem ao ver a dor de alguém é comparável a “sentir-se como Deus”. Uma visão bem distorcida do conceito tradicional de Deus, por certo! “A realidade humana é puro empenho para fazer-se Deus”, disse o filósofo francês Jean-Paul Sartre.
Esta necessidade de poder pode ser canalizada de diversas formas. Umas mais aceitas culturalmente, como a do homem que não sossegou até ser eleito e re-eleito presidente do país. Outras mais trágicas, como o velho tirano que só consegue “possuir” uma jovem garota se a acorrentar.
Crimes passionais. Pais que agridem filhos que fogem de suas rédeas. Podemos, com algum esforço, ver certo tipo de violência como necessidade de amor, de reconhecimento. Carência gerando violência. Mas a violência não gerará amor no agredido, só raiva, desprezo pelo agressor. Que se sentirá ainda mais solitário e vil. Esta será sua maior punição, e virá de suas próprias e pesadas mãos.
No início dos anos 70, um psicólogo (Philip Zimbardo) idealizou uma experiência, para a qual convidou jovens universitários “comuns”. Dividiu-os em dois grupos, uns seriam os guardas e outros os prisioneiros, mantidos em celas. E incentivou os “guardas” a terem um comportamento autoritário. O estudo deveria durar duas semanas. Teve que ser interrompido no sexto dia: os “guardas” haviam tornado-se sádicos, abusando fisicamente e psicologicamente daqueles “prisioneiros” que, alguns dias antes, eram colegas com os quais cruzavam diariamente pelo câmpus. Jovens antes pacíficos, com um pouco de liberdade e estímulo tornam-se perversos. De onde vem o Mal?
O caso, recentemente descoberto, da garota de 12 anos supostamente acorrentada e torturada pela própria mãe (pela própria mãe!) adotiva abre um leque de discussões, como a da política de adoções. Mas reflitamos sobre o Mal, independentemente da culpa ou não desta mãe acusada.
O ser humano é um bicho estranho. Inventou as roupas, o papel higiênico com cheiro de pêssego e o pudor, todas estas coisas que nos elevam sobre os animais. Mas a tortura, ah, essa também só um humano é capaz de planejar, de engrendar, de se satisfazer com ela.
Nada parece ser capaz de deter o Mal. Justiça rápida e eficaz, punições severas? Se isso bastasse, os Estados Unidos não seriam o país com mais serial killers no mundo. Religião? Os padres pedófilos, em contato diário com a palavra de Deus, não foram contidos por ela. O Mal está no meio de nós. Que atire a primeira pedra aquele que nunca teve vontade de torturar um torturador desses. Opa, não atire a pedra, ou você também será um de nós!
Sádicos (estupradores, assassinos) freqüentemente relatam que o prazer que sentem ao ver a dor de alguém é comparável a “sentir-se como Deus”. Uma visão bem distorcida do conceito tradicional de Deus, por certo! “A realidade humana é puro empenho para fazer-se Deus”, disse o filósofo francês Jean-Paul Sartre.
Esta necessidade de poder pode ser canalizada de diversas formas. Umas mais aceitas culturalmente, como a do homem que não sossegou até ser eleito e re-eleito presidente do país. Outras mais trágicas, como o velho tirano que só consegue “possuir” uma jovem garota se a acorrentar.
Crimes passionais. Pais que agridem filhos que fogem de suas rédeas. Podemos, com algum esforço, ver certo tipo de violência como necessidade de amor, de reconhecimento. Carência gerando violência. Mas a violência não gerará amor no agredido, só raiva, desprezo pelo agressor. Que se sentirá ainda mais solitário e vil. Esta será sua maior punição, e virá de suas próprias e pesadas mãos.
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