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sexta-feira, 16 de maio de 2008

O CASO DA GAROTA... ARIANA TOLEDO

(Artigo publicado no jornal O Popular de 16/05/08.)

Não gosto muito de jornais. Se algo é notícia, é porque foge do esperado, caso a sociedade funcionasse harmonicamente. Ou seja, a notícia tem alguma relevância, enquanto fato. Mas geralmente o jornal faz com que a relevância acabe no próprio fato, pois fatos novos substituem os antigos sem que os antigos tenham gerado alguma reflexão mais profunda. Talvez seja mesmo por causa desta falta de reflexão que quase nada mude, e tantos fatos fora da normalidade esperada continuem a ocorrer.

Este caráter efêmero dos fatos não é culpa dos jornalistas nem do “dono do jornal”. Jornais assim são porque assim querem os leitores, que não querem ler uma tese de mestrado por dia. Nem eu. Mas a rapidez com que as notícias se sucedem também me incomoda um pouco. Por isto gosto destas páginas de Opinião, um gancho entre o que foge tão rápido e o que merece ficar um pouco mais.

Uma notícia, por si só, não tem valor nenhum, pois provavelmente algo parecido já aconteceu antes e algo parecido voltará a ocorrer. Desta forma, em meus artigos uso o “fato do dia” apenas como isca, tentando aprofundar o pensamento não sobre aquele fato em si, mas sobre todos fatos semelhantes àquele, incluindo os passados e os futuros.

Assim, o caso da garota Isabella não tem importância quase nenhuma para a história. Coisas piores já aconteceram e acontecerão. O mais incomum nesse imbróglio todo, a meu ver, é a aglomeração de pessoas em fúria na porta de qualquer lugar em que o casal acusado se encontre.

O crime em si é relativamente comum. Uma pequena nota no jornal do dia 14 de maio, por exemplo, falava da condenação de uma mãe que em 2006 matou, a facadas, seus dois filhos, uma menina de 4 anos (a Ariana do título) e um bebê de 6 meses, tudo isto porque “não agüentava mais as constantes brigas com o companheiro”. (As pequenas notícias sempre são mais importantes, repare isso.)
Incomum é o linchamento, em grandes capitais. Se não houvesse a proteção policial, talvez o casal tivesse sido assassinado pela multidão. Isso realmente me intriga, entender porque, neste caso específico, a situação chegou a esse ponto, e no caso da garota Ariana não.

Será que o próprio fato de haver proteção policial seria um fator a incitar não apenas a presença do “público” como a sua agressividade? Tipo: “Me segura para eu não brigar...”

Não tenho respostas para isso. Talvez nem tempo para pensar. Nem espaço para escrever. Fim.


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